Ora bem... então, a história é mais ou menos assim, mas quem a conta bem é o Tito Lívio, no seu «Ab Vrbe Condita».
O Caio Múcio Cévola era um patrício romano, que, no contexto das guerras com os Etruscos, tentou assassinar o rei destes últimos, Porsena, que comandava pessoalmente os exércitos que sitiavam a Cidade Eterna. Com esse intuito, infiltrou-se furtivamente no acampamento toscano e penetrou na tenda do rei, atacando e matando, erroneamente, o secretário daquele e não o próprio, tendo sido, de imediato, descoberto e aprisionado. No seu julgamento, Porsena sujeita-o à tortura do fogo, para lhe arrancar informações sobre as forças romanas. Múcio, num acto heróico, põe voluntariamente a sua mão no fogo, afirmando que nunca trairá os seus, por maiores e mais horríveis que sejam as torturas que lhe inflijam. O próprio rei Porsena, maravilhado com tal coragem e patriotismo, decide libertá-lo.
Dizem alguns eruditos, principalmente entre os latinistas, que é esta a origem da expressão "pôr as mãos no fogo", mas eu reservo-me o direito de duvidar.
Ai, como estão mudados os tempos, Vítor! Fico a pensar na ideia de nunca trair os meus, por maiores e mais horríveis que sejam as atrocidades perpetradas sobre mim... E não tenho uma resposta bonita (?) como esta no meu coração! Serei só eu, hoje em dia, a não conseguir dizer "Por ti, poria as mãos no fogo"? É que a verdade em que acredito é a de que o mundo muda com tal velocidade, a todo o instante, que será difícil não nos sentirmos atraídos por novidades, mantermos as nossas crenças e os nossos ideais, termos uma linha de conduta previsível para sempre. Qual é, nos tempos que correm o código de honra de um homem de bem? E o que é um homem de bem? Também não seria Caio Múcio Cévola, assassino (!) admirado pela fidelidade aos seus companheiros... O que eu admiro é muito simplesmente a capacidade de não fazer mal aos outros, mas o conceito de 'mal' é excessivamente subjectivo para que possamos entender-nos...
3 comentários:
E por que razão foi ele pôr a mão no fogo?
Ora bem... então, a história é mais ou menos assim, mas quem a conta bem é o Tito Lívio, no seu «Ab Vrbe Condita».
O Caio Múcio Cévola era um patrício romano, que, no contexto das guerras com os Etruscos, tentou assassinar o rei destes últimos, Porsena, que comandava pessoalmente os exércitos que sitiavam a Cidade Eterna. Com esse intuito, infiltrou-se furtivamente no acampamento toscano e penetrou na tenda do rei, atacando e matando, erroneamente, o secretário daquele e não o próprio, tendo sido, de imediato, descoberto e aprisionado. No seu julgamento, Porsena sujeita-o à tortura do fogo, para lhe arrancar informações sobre as forças romanas. Múcio, num acto heróico, põe voluntariamente a sua mão no fogo, afirmando que nunca trairá os seus, por maiores e mais horríveis que sejam as torturas que lhe inflijam. O próprio rei Porsena, maravilhado com tal coragem e patriotismo, decide libertá-lo.
Dizem alguns eruditos, principalmente entre os latinistas, que é esta a origem da expressão "pôr as mãos no fogo", mas eu reservo-me o direito de duvidar.
«Vitória, vitória! acabou-se a história.»
Ai, como estão mudados os tempos, Vítor!
Fico a pensar na ideia de nunca trair os meus, por maiores e mais horríveis que sejam as atrocidades perpetradas sobre mim... E não tenho uma resposta bonita (?) como esta no meu coração! Serei só eu, hoje em dia, a não conseguir dizer "Por ti, poria as mãos no fogo"?
É que a verdade em que acredito é a de que o mundo muda com tal velocidade, a todo o instante, que será difícil não nos sentirmos atraídos por novidades, mantermos as nossas crenças e os nossos ideais, termos uma linha de conduta previsível para sempre.
Qual é, nos tempos que correm o código de honra de um homem de bem? E o que é um homem de bem?
Também não seria Caio Múcio Cévola, assassino (!) admirado pela fidelidade aos seus companheiros...
O que eu admiro é muito simplesmente a capacidade de não fazer mal aos outros, mas o conceito de 'mal' é excessivamente subjectivo para que possamos entender-nos...
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